A primeira manifestação desta situação foi o Socialismo Utópico. O nome já expressa bem o seu conteúdo. Os autores vinculados a esta corrente, que se desenvolveu principalmente na França nas décadas de 1830 e 1840, propunham a construção de uma comunidade fraterna e igual entre seus membros. Tratava-se da "invenção" de uma forma social que, seguindo os princípios de Socialismo elaborados por cada autor em específico, associou (numa clara resposta ao individualismo liberal) os trabalhadores entre si. Estes compartilhavam dentro da literatura utópica uma coexistência pacífica e harmoniosa com as outras Classes Sociais. Esta situação ocorreria sempre longe das condições reais e concretas do Capitalismo. Os principais autores utópicos foram Ethiénne Cabet, Henri de Saint-Simon, Charles Fourier, Robert Owen e Pierre-Joseph Proudhon.

Outra interpetação, foi o Socialismo Científico. Para que a associação com as Lutas Operárias ocorresse, o próprio Socialismo teve que sofrer uma profunda transformação. Coube a Karl Marx, o fundador da mais completa concepção de Socialismo existente até os dias de hoje, desenvolver uma surpreendente análise e proposta de transformação social que deu a esta ideologia a importância que possui até os dias atuais. Além de orientar o Movimento Operário nas lutas concretas do cotidiano, a obra do autor conclui que a verdadeira expressão de uma sociedade socialista só ocorreria com a extinção do Capitalismo. Marx revolucionou as concepções tradicionais sobre o socialismo, incorporando em sua análise as seguintes características: 1. Afastando-se dos utópicos, que isolaram a sociedade socialista dentro de uma cápsula de vidro, Marx propôs a extinção total (e não somente a adaptação) da própria sociedade capitalista. 2. Aproximando-se da Economia, Marx analisou detidamente o funcionamento do Capitalismo, denominando-o de modo de produção capitalista, para concluir que as bases da estruturação do Socialismo estavam fundadas no próprio Capitalismo. A fábrica, característica produtiva fundamental do modo de produção capitalista, criou uma forma de organização e associação de meios de produção com os trabalhadores. Nesta, o trabalho interage com a máquina de forma a gerar uma parte não remunerada para os trabalhadores da produção realizada. Assim, apesar dos salários, a máquina extrai uma parte de trabalho que não é repassada aos produtores diretos, o que constitui o lucro final dos capitalistas. O tempo de trabalho não pago é o que se chama de mais-valia. 3. Desenvolvendo uma concepção de História, Marx demonstrou que as sociedades humanas baseavam-se na exploração do homem pelo homem. Esta é a base da desigualdade social que o Socialismo deveria se opor. Em todas as formas de organização sociais a exploração do homem pelo homem está fundada num determinado nível de desenvolvimento dos meios materiais de reprodução da vida humana em sociedade, as forças produtivas. Em cada momento da História as forças produtivas são desenvolvidas por uma organização social baseada num tipo específico de propriedade privada. Marx chamou esta situação de relações sociais de produção. Uma sociedade humana "vive" suas relações sociais de produção até o ponto em que novas forças produtivas não mais podem ser introduzidas. Esta situação caracteriza uma crise estrutural (que coloca em choque as forças produtivas com as relações sociais de produção estabelecidas) que desemboca numa nova forma de organização social, um novo modo de produção. Assim, o Capitalismo é o resultado da crise do Feudalismo e o Socialismo seria produto da crise do Capitalismo. Da mesma forma, a burguesia foi o agente da transição do Feudalismo para o Capitalismo e a Classe Operária deveria ser o agente da transformação do Capitalismo em Socialismo. Esta é a luta de classes, que levaria ao fim da exploração do homem pelo homem.
Com suas palavras, estabeleça as diferenças entre o socialismo utópico e o socialismo científico.
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