Vimos que uma das principais características da República Velha (1889/1930), foi o coronelismo. O coronelismo era a sustentação coercitiva da política do
café-com-leite (acordo entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, que se revesavam no poder).
O coronel -- homem de confiança do governo -- possuía o poder local, e todos na sua comunidade eram obrigados a obedecê-lo, principalmente na hora do voto, que não era secreto. Com isso, surgiu o "currau eleitoral" , expressão utilizada até hoje para designar localidades muito pobres, fortemente marcadas pela desigualde social, em que ainda prevalecem o "voto de cabresto" , que impede o eleitor de exercer a amplitude da sua cidadania, e constitui um sério entrave à democracia; visto que, nos currais eleit
orais, o cidadão não tem o direito de se manifestar políticamente, pois depende dos favores dos políticos e/ou "coronel" da localidade. É um poder de coerção sutil, que muitas pessoas não sabem que existe, posto que, nessas comunidades, há um grande número de analfabetos e analfabetos funcionais. Acham que isso tudo é normal, que o mundo é assim mesmo, pobreza é vontade de Deus, cresceram assim e, infelizmente, morrerão assim. Não. Pobreza não é vontade de Deus. Pobreza é uma questão política, e não divina. Por isso, podemos entender porque não se investe em educação nesse país. Povo que não estuda, é fácil de manipular. Segundo Merleau Ponty(1908/1961), os políticos sabem que educar o povo seria arruiná-los.
(PROIBIDO "COPIAR" E "COLAR")
"A expressão 'coronel' advém do título da Guarda Nacional. Esse título significava autorização do poder central ao chefe local para que este possuísse 'gente armada' a seu serviço. (...) O título era entregue ao chefe municipal de prestígio [o latinfundiário mais ligado ao governo estadual] e a ele cabia todo o poder decisório ao nível do município: econômico, político, judicial e policial. (...)
"O poder local, 'dono dos votos', ganhava força. Temos um compromisso entre o coronel, dono dos votos, e o Estado, com seus juízes e delegados de polícia. Em troca de garantia da maioria, o coronel recebia juiz e polícia, obedientes a seus desmandos e caprichos. A figura do coronel ganhava prestífgio local e um poder que na verdade era de fachada. Existia enquando o coronel obedecesse o governo. (...) O coronel manda em seu pedaço, em suas 'pequenas questões', enquanto é obediente ao governo nas grandes questões."
A partir do que é apresentado pelo autor do texto acima, procure responder:
1. Os jagunços eram bandos de homens armados que obedeciam cegamente aos coronéis. Quem autorizava os coronéis a ter esse grupo armado à sua disposição?
2. Os coronéis mandavam nos governos estaduais? Qual era a área que valia o poder de um coronel?
3. Havia troca política de favores entre o coronel e o governo estadual. O que cada um dos lados oferecia ao outro?
4. Por que o autor diz que o poder do coronel era de "fachada"?
5. Durante uma eleição para governador do Rio Grande do Norte, na época da República Velha, o coronel José Bezerra Galvão assim aconselhava um candidato: "Amanhã o senhor passará por Currais Novos, município de que sou representante; ali não haverá foguete, banquete e falação e é provável que não apareça ninguém com o intuito de manifestação; vai o senhor se hospedar na caso do meu sobrinho Sérvulo Pires, porque o senhor anda aqui atrás de voto e não de manifestações políticas; tenho no meu município o que outro no Estado provavelmente não tenha: 800 eleitores em Currais Novos são seus de porteira batida". Por que o candidato não tinha a necessidade de fazer comício para os eleitores? De que modo ele obteria os votos? Aponte quem tinha direito de votar e como era efetuado o voto, conforme a Constituição de 1891.
Boa prova!