"Uma sombra paira sobre a democracia brasileira: as urnas eletrônicas em uso no país ? totalmente projetadas e implementadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - não garantem a verdade eleitoral. Elas não permitem auditoria pela simples razão de que não há sufrágios a contar ou recontar - o voto dos brasileiros foi desmaterializado, tornou-se um registro eletrônico namemória volátil (RAM) da máquina que se apaga quando o resultado é totalizado e gravado em disquete e na memória do equipamento.

Se você votar em um candidato que aparece na tela e o programa registrar outro candidato na memória, ninguém jamais saberá. A legislação permite que os programas da urna eletrônica, milhares, sejam verificados pelos partidos políticos. Mas dá o prazo de cinco dias ? o que não garante nada, absolutamente nada, por ser humanamente impossível conferi-los nesse exíguo período. São cerca de 3 milhões de linhas de código-fonte e os técnicos só podem usar os dedos e a própria memória na hora de conferir, exigência do TSE. Para quem não sabe, bastam três ou quatro linhas ? entre milhões ? para introduzir um código malicioso que desvie votos de um candidato para outro.

Nosso sistema é tão inseguro que nenhum governo concordou em usá-lo embora já tenha sido oferecido a 47 países pelo TSE. Só o Paraguai, ano passado, resolveu testá-lo. Nos EUA, de que tanto falam, o voto não é assim. Na Flórida, por exemplo, há recontagem mecânica automática se a diferença de votos entre os dois candidatos mais votados for menor do que 1% - como aconteceu na última eleição presidencial, quando se criou o impasse entre Gore e Bush. Por conta deste impasse a Flórida aperfeiçoou a sua legislação: a recontagem automática de votos é manual caso a diferença seja inferior a 0,5%.

Aqui no Brasil não existe recontagem, existe apenas a garantia verbal do TSE e do Ministro Gilmar Mendes (quem acredita nesse cara?) de que as urnas eletrônicas são 100% seguras.Isto é suficiente? Achamos que não, daí a iniciativa da Fundação Alberto Pasqualini de estudos políticos do PDT de publicar este livro, dando continuidade ao Seminário do Voto Eletrônico promovido pelo partido, em conjunto com os especialistas em informática reunidos no Fórum do Voto Eletrônico (www.votoseguro.org), página da Internet que questiona há cinco anos a segurança das urnas eletrônicas brasileiras.

O objetivo deste livro é alertar os cidadãos de que o nosso sistema eleitoral informatizado precisa de correções profundas porque há falhas gravíssimas nele, especialmente o fato de não permitir a recontagem dos votos nem qualquer espécie de fiscalização. Achamos que isto põe em risco a própria democracia, já que a fiscalização do processo eleitoral pelos partidos políticos e pelos cidadãos em geral, é uma questão fundamental. Sem ela, como garantir a lisura dos pleitos? "

Baixe o livro "Burla Eletrônica" em http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/BurlaEletronica.pdf